A Frente Parlamentar do Biodiesel (FPBio) está em busca de uma legislação específica para discutir com a Petrobras a viabilidade da inclusão do coprocessado no mercado de diesel, mas à parte do projeto de lei do Combustível do Futuro (PL 528/2020), que está aguardando relatório no Senado Federal. Na sexta-feira (21/6), um grupo composto por parlamentares e representantes dos produtores de biodiesel se reuniu com a nova presidente da Petrobras, Magda Chambriard. “Deixamos claro que não seria possível incluir o coprocessado no mesmo arcabouço regulatório que estamos debatendo atualmente. Ela expressou o interesse em capturar 1% do mercado com as instalações disponíveis e, portanto, estamos buscando uma regulação específica (…) fora do âmbito do Combustível do Futuro”, afirmou o deputado Alceu Moreira (MDB/RS), presidente da FPBio. Segundo Moreira, a reunião foi iniciativa de Magda, que busca estreitar laços com o setor agropecuário. “Ela deixou claro que está aberta para que nós, do setor de biodiesel, junto com a equipe da Petrobras, possamos desenvolver esses textos que são do nosso interesse, tanto para a regulação quanto para o mandato”. Essas informações foram divulgadas previamente pela plataforma político-ambiental epbr. Em resposta à epbr, a Petrobras reafirmou seu compromisso com o desenvolvimento do setor de biocombustíveis no Brasil, mas sem comentar especificamente a reunião. Durante a tramitação do PL 528/2020, a Petrobras tentou incluir o coprocessado nos mandatos destinados ao diesel renovável, primeiro no espaço reservado ao biodiesel e depois no do diesel verde. Senadora retira emenda sobre coprocessado A emenda mais recente sobre o assunto, apresentada pela senadora Tereza Cristina (PP/MS), contemplava a possibilidade de considerar a parcela renovável no mercado reservado ao diesel verde. No entanto, a senadora retirou a emenda nesta semana após uma mobilização do setor de biodiesel. A emenda original não atendia completamente aos interesses da Petrobras, pois incluía o coprocessado no mandato do diesel verde, transferindo as responsabilidades para o refinador/importador, mantendo o limite do novo mandato em 3%, além de outras alterações. O relator no Senado, Veneziano Vital do Rêgo (MDB/PB), havia previsto a publicação do relatório no início de junho, após uma série de audiências públicas. Nos bastidores, o governo federal trabalha para preservar o texto aprovado na Câmara dos Deputados. Isso se deve à intenção de concluir a tramitação e, finalmente, sancionar o Combustível do Futuro. “Devemos respeitar a decisão que vier do parlamento, mas preferiríamos que não houvesse mudanças significativas para que o projeto não perdesse sua essência, evitando alterações que possam modificar sua estrutura”, disse Euler Lage, gerente de projetos da Casa Civil, durante um evento da RBQAV na semana passada. Desde antes da saída de Jean Paul Prates, a Petrobras vinha diminuindo – ao menos oficialmente – a pressão contra o projeto de lei. Após a mudança na gestão, a posição oficial é favorável ao texto do governo. A influência das distribuidoras e do IBP no Senado mantém o setor agropecuário em alerta. Em um acordo intermediado pela Casa Civil, sob a gestão de Rui Costa (PT), no governo Lula, foi alcançada a proposta aprovada na Câmara dos Deputados para a criação dos mandatos de descarbonização do combustível de aviação, do biometano, o aumento das misturas de etanol anidro e biodiesel e, no futuro, do diesel verde. Na versão original do texto enviada pelo governo, a decisão de não incluir explicitamente o coprocessamento nas rotas do mandato de biorrefino já havia sido tomada. Uma versão do PL chegou a criar o mandato do “diesel renovável”, com maior flexibilidade para as rotas. É um tema que divide os agentes econômicos, havendo divergências até mesmo dentro do setor agropecuário, com alguns apoiando a emenda original de Tereza Cristina. Além disso, há pressão de consumidores industriais de gás natural, produtores e importadores contra a proposta para o biometano, argumentando que a medida resultará em aumento de preços. Informações da EPBR