A BYD, maior fabricante de carros elétricos do mundo, que planeja iniciar a produção no Brasil em 2025, criticou a proposta do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) de incluir veículos 100% elétricos no Imposto Seletivo (IS) como parte da reforma tributária. A proposta inicial do Ministério da Fazenda sugeria taxar apenas veículos a combustão e híbridos, excluindo os 100% elétricos. O IS, apelidado de “imposto do pecado”, pretende taxar bens e serviços prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente, como bebidas alcoólicas e açucaradas, cigarros, jatinhos, lanchas, além da extração de petróleo e minério de ferro. De acordo com reportagem do Estadão, o Mdic, liderado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, recomendou a inclusão dos carros elétricos na lista argumentando que o governo não deve ditar a rota tecnológica para o desenvolvimento automotivo. Segundo o ministério, é necessário considerar a poluição causada pela fabricação das baterias e pela geração da energia que abastece esses veículos. Alexandre Baldy, conselheiro especial da BYD, contestou a recomendação do Mdic: “Existem diferentes visões dentro do governo. A Fazenda foi cética em relação a essa recomendação do Mdic”, afirmou. Baldy ressaltou que os carros 100% elétricos não emitem gases de efeito estufa e, por isso, foram inicialmente excluídos do IS pela Fazenda. Além disso, ele destacou que outros países incentivam esses veículos, ao contrário do Brasil. O Ministério da Fazenda não se manifestou sobre o assunto. Márcio Elias Rosa, secretário executivo do Ministério da Indústria, afirmou que os carros elétricos não são a única solução para a descarbonização e que haverá diferenciação nas alíquotas do IS para premiar as alternativas mais eficazes ambientalmente. Ele enfatizou que é necessário considerar todas as etapas de fabricação e descarte das baterias. Baldy defendeu que a BYD já utiliza eletricidade gerada por painéis solares e está investindo para produzir baterias no Brasil com energia renovável. Segundo ele, é surpreendente que o Ministério da Fazenda esteja promovendo a transição energética, enquanto o Mdic adota uma postura retrógrada. O executivo, que já foi ministro das Cidades no governo Temer e é membro do PP, partido de Arthur Lira (PP-AL), afirmou que iniciou negociações no Congresso para barrar a proposta do Mdic. A recomendação do Mdic foi apresentada aos deputados que compõem o grupo de trabalho da regulamentação da reforma tributária na Câmara dos Deputados na segunda-feira, 24. O relatório deve ser apresentado na próxima semana e votado antes do recesso parlamentar, em 17 de julho. Baldy alertou que a taxação dos carros elétricos poderia prejudicar a competitividade desses veículos também no mercado de exportação. Ele destacou que, a partir de 2027, o programa de incentivo à indústria automotiva, Mover, considerará não apenas as emissões de gás carbônico, mas também o nível de reciclabilidade dos automóveis e as fontes de energia utilizadas pelos fabricantes de autopeças, no conceito “do berço ao túmulo”. Informações de O Estado de S.Paulo