
Investigações Apontam Uso de Maquininhas de Cartão para Lavagem de Dinheiro do PCC
O Primeiro Comando da Capital (PCC) está sob suspeita de utilizar empresas de maquininhas de cartão de crédito para lavar dinheiro e ocultar bens, conforme revelado por investigações do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) de São Paulo. A investigação, conduzida em colaboração com a Receita Federal, Polícia Federal e Ministério Público Federal (MPF), destaca a operação Concierge, deflagrada recentemente.
A operação trouxe à tona indícios de que a empresa Yespay Soluções de Pagamentos Ltda teria sido usada por João Aparecido Ferraz Netto, conhecido como João Cabeludo, um dos líderes da facção, para a lavagem de dinheiro do PCC. A empresa já havia sido alvo de uma operação da Polícia Civil em 2022.
O jornal não conseguiu contato com a defesa dos envolvidos. A empresa I9Pay negou qualquer envolvimento com atividades ilícitas. Bancos citados na investigação, como Bonsucesso e Rendimento, afirmaram estar colaborando com as autoridades.
Detalhes das Investigações
Em 2021, Inácio Cezar Marques de Souza entrou na sociedade da Y9pay, após ser citado em uma operação policial por suspeita de lavagem de dinheiro para João Cabeludo e uso de documentos falsos. Souza fez um depósito de R$ 122 mil na conta da empresa e transferiu um Mercedes Benz avaliado em R$ 660 mil para a Smart Money Investimentos e Participações, de propriedade de Aedi Cordeiro dos Santos, possivelmente um sócio oculto de Denis Arruda na Yespay. O veículo foi apreendido na Operação Black Flag em maio de 2021.
Denis Arruda, apontado como líder do T10 Bank, é investigado por facilitar a criação de contas invisíveis para evitar rastreamento, possibilitando a lavagem de dinheiro e evitando bloqueios de valores. O PCC é suspeito de ser um dos clientes dessa operação, e a I9Pay também está sob investigação. As empresas citadas estariam hospedadas em instituições financeiras de grande porte autorizadas pelo Banco Central, como Bonsucesso e Rendimento.
A conexão entre a Smart Money e a Cedro Preparação de Documentos e Serviços Ltda, ambas com participação de Denis Arruda, inclui uma transação de R$ 225 mil realizada em novembro de 2020, possivelmente relacionada ao pagamento pelo veículo Mercedes Benz.
Envolvimento de Empresa de Transporte
Admar de Carvalho Martins, identificado como um dos principais acionistas da UPBus, empresa que está sob intervenção da Prefeitura de São Paulo desde abril, também está envolvido na operação. A UPBus aparece como suspeita de abrir uma subconta no T10 Bank para ocultar patrimônio e evitar penhoras, devido à dívida milionária com a União. A empresa é uma das maiores remetentes da T10 Bank, de acordo com as investigações.
A subconta da UPBus no T10 Bank teria sido usada para quebrar a cadeia de rastreamento dos recursos, segundo os documentos dos investigadores.
Com informações de O Estado de S.Paulo.