Manifesto pela revisão de cortes na ANP
As entidades representativas do setor de combustíveis e biocombustíveis lamentam profundamente a notícia divulgada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) de suspensão do Programa de Monitoramento da Qualidade dos Combustíveis (PMQC) durante o mês de julho e a“redução dos recursos destinados à fiscalização”. Por isso, requerem, com urgência, a revisão dos cortes orçamentários impostos às agências reguladoras para normalização dos serviços. As medidas anunciadas pela agência são ainda mais trágicas para o setor neste momento em que se observa claramente o escalonamento do mercado irregular. Além disso, a redução dos recursos destinados à fiscalização ocorre depois de verdadeira coalizão para doação de equipamentos de fiscalização. A defesa da legalidade, qualidade e segurança no mercado de combustíveis é quem mais sofre com o enfraquecimento da ANP, comprometendo seriamente sua capacidade de fiscalizar o setor, coibir irregularidades e garantir a proteção do consumidor. Uma ANP enfraquecida fica limitada em ações essenciais, o que o histórico já mostrou, abre espaço para o aumento de riscos à segurança veicular, à integridade dos motores e à saúde pública, além de favorecer concorrência desleal e prejuízos à arrecadação tributária, sendo um atrativo para criminosos no setor de combustíveis. A ausência de fiscalização também fragiliza o ambiente de negócios e transmite insegurança jurídica aos investidores e operadores do setor, com efeitos diretos na confiança e estabilidade do mercado. O programa realiza mais de 16 mil análises mensais e orienta as fiscalizações da ANP. Na última suspensão por 2 meses, em 2024, irregularidades chegaram a 40% em algumas regiões. Sem o PMQC, a capacidade de identificar e combater fraudes fica comprometida. Para o consumidor, os impactos são diretos e severos: sem uma agência reguladora atuante, aumentam os riscos de abastecimento com combustível de má qualidade – seja diesel, gasolina, biodiesel e etanol. As entidades signatárias reforçam, por fim, que investir na estrutura das agências é investir na proteção do consumidor, na segurança energética do país e na credibilidade do ambiente regulatório brasileiro. ABICOM – Associação Brasileira dos Importadores de CombustíveisBRASILCOM – Federação Nacional das Distribuidoras de Combustíveis, Gás Natural e BiocombustíveisFECOMBUSTÍVEIS – Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de LubrificantesIBP – Instituto Brasileiro de Petróleo e GásICL – Instituto Combustível LegalSINDICOM – Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de LubrificantesSINDTRR – Sindicato Nacional Transportador Revendedor Retalhista Brasília (DF), 24 de junho de 2025. Autor/Veículo: Fecombustíveis, Abicom, Brasilcom, Sindicom, IBP, ICL e SindTRR
Petrobras pode anunciar parceria em etanol até o fim do ano, diz gerente executivo
A Petrobras pode anunciar uma parceria na área de etanol no segundo semestre de 2025, disse o gerente executivo de gestão integrada da transição energética da companhia, William Nozaki, nesta terça-feira (24). “O objetivo da Petrobras é fazer uma parceria para entrar de maneira relevante no segmento, não de forma majoritária”, disse Nozaki a repórteres durante o evento Energy Summit, no Rio de Janeiro. “Nós estamos prospectando entre os players relevantes do setor, que ainda têm interesse em ser parceiros da Petrobras para atuar nessa frente”. Nozaki afirmou que a Petrobras não tem uma preferência sobre qual matéria-prima do etanol poderá apostar. “Tanto cana quanto milho nos interessam desde que parem de pé do ponto de vista logístico, do ponto de vista do preço, do ponto de vista da companhia”, explicou. A Petrobras havia dito anteriormente que estava em conversas com várias empresas do setor de etanol a respeito de uma possível joint venture. Nozaki destacou que após a aprovação da Lei do Combustível do Futuro, no ano passado, as empresas estão se movimentando com cautela e medindo o que vai acontecer com o segmento nos próximos meses. “Tem várias empresas prospectando o segmento”, disse o gerente executivo da Petrobras, citando ainda a perspectiva de aumento da mistura do etanol na gasolina. A Folha publicou na segunda-feira (22) que o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) discutirá na próxima quarta-feira um aumento da mistura de etanol anidro na gasolina dos atuais 27% para 30%, de acordo com fontes do governo com conhecimento do assunto. Nozaki reiterou que quando a Petrobras ambiciona entrar em um segmento, “entra de maneira consistente e robusta e a nossa ambição não é diferente do caso do etanol”. O gerente executivo adicionou que a companhia também poderá ter anúncios “relevantes” no segundo semestre sobre outros biocombustíveis, como biodiesel e biometano. Notícias indicaram recentemente que Nozaki estaria cotado para assumir o comando da diretoria executiva de Transição Energética e Sustentabilidade da Petrobras, após Mauricio Tolmasquim deixar a posição para integrar o Conselho de Administração da Eletrobras por indicação do governo. Nozaki disse a jornalistas nesta terça-feira que não foi indicado, mas reconheceu que a especulação envolvendo seu nome seria natural, uma vez que ajudou em programa de energia do governo e integra os quadros da Petrobras. (Com Reuters) Autor/Veículo: Folha de S.Paulo
ANP quebrada abre portas para o crime
As principais entidades do setor de combustíveis divulgaram nesta terça-feira (24/6) um manifesto conjunto cobrando a revisão imediata dos cortes orçamentários na Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A agência é uma autarquia federal independente, sem orçamento vinculado ao Ministério de Minas e Energia (MME). Os cortes, bem como a provisão orçamentária, são uma decisão do Planejamento, em resposta à trajetória fiscal indicada pela Fazenda. O orçamento, diminuto, é uma decisão conjunta com o Congresso Nacional. “Uma ANP enfraquecida fica limitada em ações essenciais, o que o histórico já mostrou, abre espaço para o aumento de riscos à segurança veicular, à integridade dos motores e à saúde pública, além de favorecer concorrência desleal e prejuízos à arrecadação tributária, sendo um atrativo para criminosos no setor de combustíveis”, dizem. No documento (.pdf), as associações lamentam a suspensão do Programa de Monitoramento da Qualidade dos Combustíveis (PMQC) em julho e a redução de recursos destinados à fiscalização, afirmando que as medidas fragilizam a agência justamente em um momento de escalada do mercado irregular. Na última suspensão temporária, entre novembro e dezembro de 2024, as irregularidades chegaram a 40% em algumas regiões, segundo dados da própria ANP. “Sem o PMQC, a capacidade de identificar e combater fraudes fica comprometida”. A falta de fiscalização eficaz, completam, transmite insegurança jurídica a investidores e operadores, prejudicando o ambiente de negócios e a credibilidade do mercado regulado. O manifesto destaca que “investir na estrutura das agências é investir na proteção do consumidor, na segurança energética do país e na estabilidade do ambiente regulatório brasileiro”. Assinam o manifesto: Abicom (importadores), Brasilcom, IBP, ICL e Sindicom (distribuidoras), SindTRR (transporte e revenda retalhista) e Fecombustíveis (varejo). Autor/Veículo: Eixos
Como a escalada da guerra contra Irã impactará combustível no Brasil?
Os estados do Norte e Nordeste devem ser os mais afetados diretamente pelo aumento do preço do petróleo após a entrada dos Estados Unidos no conflito entre Israel e Irã e o possível fechamento do estreito de Ormuz. A avaliação é do presidente executivo da Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis), Sérgio Araújo. O que aconteceuIrã ameaça fechar o estreito de Ormuz após ataques dos Estados Unidos a instalações nucleares do país. Medida poderia impactar toda a cadeia de combustíveis, já que passa pelo canal cerca de 20% de todo o petróleo do mundo. No Brasil a expectativa é de que o impacto seja sentido mais diretamente nas regiões Norte e Nordeste, onde a maior parte dos combustíveis é produzido por refinarias privadas e não pela Petrobras. Segundo Sérgio Araújo, isso ocorre porque as refinarias privadas precisam repassar o aumento de valores do petróleo que compram. Diferente da Petrobras, que tem segurado o preço dos combustíveis e adota valores defasados em comparação ao mercado internacional, as refinarias privadas praticam o preço internacional do combustível.No Nordeste a Petrobras conta apenas com uma refinaria, de Abreu e Lima, em Pernambuco. Estatal vendeu recentemente outras refinarias que possuía no Amazonas e na Bahia durante o governo Bolsonaro.Há expectativa no mercado de que o preço do barril possa passar dos US$ 100. Especulação ocorre após ataque dos EUA, mas somente com a abertura dos mercados nesta segunda é que será possível saber o preço do barril. O preço atual se aproxima dos US$ 80.Araújo explica que o preço do diesel da Petrobras já estava defasado em R$ 0,50 e a da gasolina em R$ 0,20. Dados foram levantados pela Abicom na última sexta-feira levando em conta preço do barril de petróleo a US$ 77.Segundo Sérgio Araújo, cerca de 25% do diesel consumido no país e 10% da gasolina dependem de petróleo importado. “As refinarias privadas atualizam os preços semanalmente, como é comum no mercado. Só a Petrobras adota a prática de manter a defasagem dos preços, mas ela pode ter dificuldades em manter os valores desatualizados se o preço do petróleo disparar”, afirma.Estatal pode ter pressão de acionistas. Na avaliação dele, manter uma defasagem muito alta pode levar a questionamentos de acionistas da Petrobras no médio prazo.Para economista, tendência de alta de preços do petróleo pode se refletir na inflação de outros produtos também. Bruno Imaizumi, da LCA inteligence, afirma que o aumento no diesel pode refletir indiretamente em outros produtos que dependem do transporte de caminhão para chegar até os consumidores. Para ler esta notícia, clique aqui.https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2025/06/23/combustivel-no-norte-e-nordeste-deve-encarecer-mais-por-fechamento-de-ormuz.htm Autor/Veículo: UOL
Importadora de petróleo árabe, Petrobras avalia como improvável fechamento no Estreito
O diretor de Logística, Comercialização e Mercados da Petrobras, Claudio Schlosser, disse que a Petrobras observa a situação no Oriente Médio, mas minimizou as chances de um bloqueio do Estreito de Ormuz na esteira de um agravamento da guerra entre Israel e Irã. O executivo falou a jornalistas em um café sobre o primeiro ano da gestão Magda Chambriard, na sede da Petrobras, no Rio de Janeiro. Schlosser detalhou que a principal influência de Ormuz para a Petrobras está nas cargas de petróleo leve que a estatal importa do Oriente Médio para abastecer a Reduc (Refinaria Duque de Caxias), no Rio. “Historicamente é muito difícil o fechamento do Estreito de Ormuz. Pode haver uma restrição, redução, e o fluxo de navios acabar sendo menor. Isso influencia muito o seguro, aumentando um pouco o frete. Mas a expectativa é de que não haja um fechamento, mesmo porque isso afetaria outros países (fora da guerra), como Arábia Saudita e Kuwait”, afirmou. O estreito liga o Golfo Pérsico ao Golfo de Omã e fica entre os territórios de Irã e Emirados Árabes. É o caminho de navios que transportam cerca de 25% do petróleo consumido no mundo. “Um navio saiu da região (Oriente Médio) na última sexta, com óleo árabe leve, que serve especificamente para a produção de lubrificantes na Reduc. Não estamos vendo como provável um problema para essa operação”, disse Schlosser. Autor/Veículo: Agência Infra
Produção de etanol de milho dispara e vai superar 25% do total, nos 50 anos do Proálcool
A produção do etanol de cana-de-açúcar caiu na safra que terminou em março, mas o milho garantiu um novo recorde no total, com 37,3 bilhões de litros. Segundo a União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Única), o etanol de milho saltou 31% na safra 2024/2025, para 8,2 bilhões de litros. Em dez anos, a produção se multiplicou por dez. Para os próximos anos, estão mapeados R$ 40 bilhões em investimentos, conforme a União Nacional do Etanol de Milho (Unem), que reúne os fabricantes. Em 2025, o milho deverá chegar a 10 bilhões de litros no Brasil, mais de um quarto do total nacional, estima a Unem, no ano em que o Programa Nacional do Álcool (Proálcool) completará 50 anos. Segundo executivos e especialistas, o avanço acelerado do etanol de milho é impulsionado por um modelo de negócios que parece imbatível: a grande oferta do grão a preço competitivo passa por uma tecnologia industrial bem estabelecida, de origem americana — nos EUA, maior produtor de etanol do mundo, o milho é a matéria-prima principal — e entrega como produtos finais o etanol e o DDG, ou “grãos secos de destilaria”, na sigla em inglês, usado como ração animal — que tem potencial de ser exportado, inclusive para a China, que acaba de abrir o mercado para o Brasil. ‘Safrinha’ só no nome O pontapé inicial foi o crescimento da disponibilidade do milho. Na safra 2000/2001, a produção nacional foi de 42,3 milhões de toneladas, segundo a Conab, estatal do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Pouco mais de dez anos depois, a safra total do grão havia dobrado. O boom é fruto do sucesso do modelo brasileiro de cultivo da soja, com o plantio direto e uma segunda safra de outra cultura para ajudar a preparar o solo. O Brasil se tornou o maior produtor e exportador de soja do mundo, e o milho veio junto. A “safrinha” manteve o diminutivo só no nome, e o país passou a disputar com os EUA o posto de maior fornecedor global de milho. — O nosso acionista, a Summit, já tinha investido, com sucesso, na maior empresa privada de etanol de milho nos EUA, que era a Hawkeye Renewables, que foi vendida. Aí, a Summit foi buscar um novo lugar para investir em etanol de milho. E o Brasil foi o destino natural. Mato Grosso tem o milho mais barato do mundo — diz Daniel Lopes, vice-presidente de Sustentabilidade e Novos Negócios da FS, pioneira na produção a partir do milho no Brasil. Além da maior oferta, escoar a crescente produção requer investimentos em armazenagem e logística. Por isso, faz sentido investir para beneficiar e agregar valor. O modelo atraiu diferentes tipos de investidores, como fabricantes de açúcar e álcool que apostam na diversificação, produtores de grãos que formam sociedades, comercializadores de grãos e uma nascente indústria dedicada apenas ao etanol de milho, como no caso da FS, controlada pela americana Summit AG em sociedade com a Tapajós Participações, que reúne grandes produtores de grãos de Mato Grosso. 16 usinas previstas Os primeiros litros saíram, na safra 2011/2012, de uma “usina flex”, que produz o álcool tanto da cana quanto do milho, da Usimat, empresa instalada em Mato Grosso. Entre os fabricantes de açúcar e álcool, apostaram no milho a SJC Bioenergia, em 2015, a Cerradinho Bio, em 2019, e a São Martinho, em 2023. Comercializadora e varejista, a gaúcha 3Tentos, que já tem usinas de processamento de soja e refinarias de biodiesel, está investindo R$ 1,2 bilhão para inaugurar uma biorrefinaria de etanol de milho, em Porto Alegre do Norte (MT), em 2026. Para investir, a companhia tomou empréstimo de R$ 500 milhões com o BNDES. Os projetos de biocombustíveis estão aptos a receber recursos do Fundo Clima, que têm juros mais baixos. Com isso, aprovou R$ 4,3 bilhões em financiamentos para investimentos em biocombustíveis em 2024. E espera repetir a dose este ano, segundo José Luís Gordon, diretor do BNDES. A pioneira FS inaugurou sua fábrica, com tecnologia americana, em 2017 em Lucas do Rio Verde (MT). Hoje, são três unidades, incluindo Sorriso (MT) e Primavera do Leste (MT). A produção anual atingiu 2,4 bilhões de litros de etanol no primeiro trimestre, com receita de R$ 10,7 bilhões no acumulado em 12 meses. A Inpasa também apostou na tecnologia americana, mas as operações começaram no Paraguai, em 2006. No Brasil, a empresa estreou em 2019, na biorrefinaria de Sinop (MT), segundo a empresa, o maior complexo de etanol de grãos da América Latina. A Inpasa tem capacidade de produzir 5,8 bilhões de litros por ano. No total, são 25 biorrefinarias de etanol de milho no país. Mais 16 unidades têm autorização de construção, conforme a Unem, que mapeou outros 16 projetos em planejamento. Os R$ 40 bilhões em investimentos projetados incluem R$ 15 bilhões em parte dos 16 projetos autorizados, para ampliar a capacidade em 5 bilhões de litros por ano, e R$ 25 bilhões em armazenagem e logística, estima Guilherme Nolasco, presidente da Unem. Após o boom, Nolasco vê alguma acomodação nos investimentos. A FS está mais focada em reduzir o endividamento. O principal investimento, de R$ 550 milhões, é num projeto de captura de carbono, para tornar a produção do etanol ainda mais sustentável, o que poderá permitir cobrar prêmios no preço de exportação para a Europa, explica Lopes. ‘Tirar o boi do pasto’ A Inpasa, após investir R$ 4,9 bilhões ano passado, projeta aportar mais R$ 4 bilhões este ano, segundo Fernando Alfini, vice-presidente de Gestão e Finanças. Os recursos vão para as ampliações nas biorrefinarias de Balsas (MA) e Sidrolândia (MT) e para a construção da unidade de Luís Eduardo Magalhães (BA), que deverá ficar pronta em 2026. Assim, terá 1,6 bilhão de litros de etanol por ano a mais. — Sempre olhamos o mercado. Hoje, um dos impactos quando vamos rodar planos de negócios é a questão tributária do país, é um ponto que pode dar uma freada nos nossos investimentos, porque isso gera um pouquinho de indefinição,
Estreito de Ormuz: bloqueio pelo Irã pode afetar preços dos combustíveis e alimentos no Brasil
O preço do petróleo passa a ser uma preocupação mundial com o fechamento do Estreito de Ormuz, um ponto estratégico entre o Golfo Pérsico e Omã para a passagem de quase um terço do petróleo mundial. O bloqueio total do canal pelo o Irã, caso se confirme, causaria um impacto no médio e longo prazo no preço dos combustíveis e alimentos no Brasil, segundo especialistas ouvidos pelo Terra. No domingo, 22, o Parlamento do país persa aprovou o bloqueio do corredor marítimo após os ataques dos Estados Unidos às instalações nucleares do Irã. A decisão final cabe ao Conselho Supremo de Segurança Nacional e ao aiatolá Ali Khamenei para a medida entrar em vigor. O Irã é o sétimo maior produtor de petróleo do mundo. “O preço da gasolina e de outros combustíveis no Brasil é diretamente impactado pelo fechamento do Estreito de Ormuz, mesmo que o país seja parcialmente autossuficiente em produção de petróleo”, alerta João Alfredo Nyegray, professor de Negócios Internacionais e Geopolítica da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Dois fatores são apontados pelo especialista para que o fechamento do canal impacte no preço do combustível no mercado nacional. O primeiro é que o Brasil integra o mercado global de petróleo, cujos preços são cotados em dólar com base nas referências internacionais do barril Brent e WTI. Com o bloqueio do Estreito, a oferta global de petróleo é restringida, elevando os preços internacionais. O segundo fator é que a Petrobras deixou, há algum tempo, de adotar uma política de paridade de preços internacionais (PPI), na qual o valor dos combustíveis acompanha as flutuações do barril e do câmbio. Assim, qualquer aumento no preço internacional do petróleo ou desvalorização do real frente ao dólar pode trazer um prejuízo à estatal que pode ver-se obrigada a ajustar os preços no mercado interno. André Senna Duarte, professor de Economia da PUC-RJ, acredita que dada a fraqueza relativa do Irã frente aos demais países, o país não deve conseguir manter o estreito fechado por muito tempo. Dessa forma, caso permaneça fechado por pouco tempo, não deverá haver impacto relevante no mercado doméstico. “O Estreito é fundamental para o fluxo de petróleo no mundo. O seu bloqueio é algo que pode impactar de forma importante a economia global. No entanto, o Irã sozinho, como é o caso, não deverá ter capacidade de manter muito tempo o estreito fechado, dado a enorme oposição dos mais diversos países a um evento como este”, avalia Senna Duarte. José Niemeyer, professor de relações internacionais do Ibmec-RJ, diz que o fechamento do Estreito é algo muito grave que afeta não apenas o preço dos combustíveis, mas também a inflação e a economia brasileira como um todo. “Além de mudar diretamente o preço da gasolina no Brasil no médio prazo, deixará o frete mais caro, com perspectiva de aumento da inflação.” Alimentos, fretes e passagens mais caros João Alfredo Nyegray afirma que setores industriais que dependem de transporte, logística e fertilizantes derivados do petróleo também podem sofrer pressões inflacionárias, gerando efeitos indiretos sobre os preços de alimentos, fretes e passagens aéreas. “É o que chamamos de efeito cascata”, ressalta. O Estreito de Ormuz é responsável por aproximadamente 20% do petróleo bruto comercializado globalmente, segundo a U.S. Energy Information Administration (EIA, 2023) e a Agência Internacional de Energia (IEA). Isso corresponde a um volume diário entre 17,8 e 21 milhões de barris de petróleo. “O fechamento, portanto, representa um gargalo de proporções colossais na cadeia global de energia, afetando diretamente países importadores da Ásia (China, Japão, Coreia do Sul e Índia), Europa e América Latina. Em termos de comércio marítimo energético, é o ponto de estrangulamento mais estratégico do planeta”, acrescenta João Alfredo. Os maiores prejudicados com o bloqueio do Estreito de Ormuz Países altamente dependentes de importação de petróleo do Golfo Pérsico, como Índia, China, Japão, Coreia do Sul e Cingapura.Economias emergentes e em desenvolvimento, como o Brasil, que são vulneráveis à volatilidade cambial e à inflação importada.Empresas de transporte marítimo, aviação e setores industriais com alta dependência energética.Consumidores finais, que enfrentarão aumentos no custo de vida, especialmente em regiões que não possuem estoques estratégicos de petróleo. Qual a importância do Estreito de Ormuz para o Irã e o mundo? O Estreito de Ormuz é o mais importante corredor energético do planeta. Localizado entre o Irã e Omã, com apenas 33 km de largura em seu ponto mais estreito e canais de navegação de 3 km em cada sentido, ele conecta o Golfo Pérsico ao Mar da Arábia e ao Oceano Índico. Para o Irã, o Estreito tem valor geopolítico e estratégico extraordinário. Embora dependa dele para suas próprias exportações, o Irã controla geograficamente a margem norte do estreito e tenha capacidade naval e de mísseis para bloqueá-lo temporariamente, o que lhe confere poder de barganha regional. Para o mundo, o estreito é uma “artéria vital” do sistema energético global, e sua obstrução equivale a uma isquemia no fornecimento de petróleo. A proteção dessa rota é uma das razões centrais da presença militar americana na região desde os anos 1980. Autor/Veículo: Terra
Guerra Israel x Irã afeta a Petrobras? Veja o que dizem analistas
Apesar da recente volatilidade dos preços do petróleo gerada pelos ataques entre Israel e Irã, que favorece as empresas produtoras de petróleo, analistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast não esperam impacto material para a Petrobras. O cenário, até aqui, também não deve trazer mudanças para os preços praticados pela estatal. “Apesar de informações sobre novos ataques entre Israel e Irã, já vemos uma normalização nos preços no mercado internacional, a níveis praticados há um mês. O real também se mantém em níveis saudáveis, reforçando o que foi sinalizado para os investidores há dois meses”, observa João Daronco, analista CNPI da Suno. Para André Nogueira, analista de petróleo na Mantaro Capital, a queda nos preços da commodity (matéria-prima em dólar), que nesta segunda-feira, 16, fechou cotada a US$ 73,23 o barril tipo Brent, redução de 1,35% em relação à véspera, após cair quase 4% pela manhã, parece refletir uma probabilidade menor de uma disrupção de navegabilidade no Oriente Médio. “Mas ainda é cedo para dizer. O mercado está reagindo dia a dia”, complementa. De modo geral, os eventos recentes mais uma vez colocaram em evidência o Estreito de Ormuz, única rota marítima de saída do Golfo Pérsico para a maioria dos exportadores de petróleo do Golfo. Olhando para trás, no entanto, o Irã nunca fechou o Estreito, lembra a Mirabaud, gestora suíça que atua no Brasil como multifamily office (gestora de patrimônio). O presidente do Instituto Brasileiro do Petróleo e Gás Natural (IBP), Roberto Ardenghy, porém, lembra que o Estreito de Ormuz é muito sensível e passam por lá, diariamente, 20 milhões de barris de petróleo. “O agravamento da tensão ali, pode fazer com que haja uma medida mais radical (por parte do Irã), como fechar Ormuz”, ressalta. Qual é o impacto para os dividendos? Na avaliação do Santander, a Petrobras poderia ter rendimentos mais altos se os preços do petróleo pudessem ser sustentados em níveis elevados por mais tempo. Ainda assim, eventuais rendimentos não seriam capazes de ter o mesmo efeito para os dividendos, a exemplo do que se viu no início do conflito entre Rússia e Ucrânia, observa Daronco, da Suno. “No início do conflito no leste europeu, a Petrobras fez sua maior distribuição de dividendos, mas a empresa estava em processo de desinvestimento e com o endividamento controlado. O cenário atual é diferente, com o caixa sendo consumido por níveis mais altos de endividamento e dando pouco espaço para dividendos extraordinários robustos”, afirma. Se por um lado a tensão entre os dois países tende a ser positiva para as vendas da estatal brasileira, ela ainda não é suficiente para fazer a empresa rever os preços dos combustíveis. Conforme a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), o preço de paridade de importação (PPI) acumula aumento de R$ 0,02 por litro desde o mais recente reajuste nos preços da gasolina e de R$0,56 por litro no diesel vendidos pela Petrobras, defasagens médias de 5% e 12%, respectivamente. Para Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, é necessário que a commodity ultrapasse US$ 90 e mantenha o patamar para que haja algum nível de pressão para reajustes. “A Petrobras segue com sua política de aguardar e compreender se os movimentos, de fato, indicam uma mudança de patamar para adotar algum reajuste e o mercado espera por isso”. Para Ilan Arbetman, da Ativa Investimentos, “é difícil imaginar o Irã sustentando por muito tempo um ambiente de tensão elevada com Israel mantendo soberania completa sobre os céus de Teerã.” Segundo ele, Washington pode, a qualquer momento, optar por ampliar o apoio militar a Israel caso o Irã resista a avançar com o diálogo no que tange ao que restou do seu programa nuclear. “Cabe destacar que o governo norte-americano já manifestou interesse em preços mais baixos do petróleo, o que reforça a leitura de que a administração Trump tem incentivo adicional para conter a escalada regional e preservar a estabilidade do mercado energético”, explicou. Arbetman destacou ainda, que o fluxo de navios pelo Estreito de Ormuz — responsável por cerca de 20% do comércio global de petróleo — apresentou apenas uma leve redução até o momento, “o que reforça a leitura de que, até o momento, não há interrupções materiais no escoamento da commodity”, afirmou. Autor/Veículo: O Estado de São Paulo
Em derrota para o governo, Câmara acelera votação para derrubar decreto do IOF
A Câmara dos Deputados aprovou nesta segunda-feira (16) um requerimento de urgência para um projeto que suspende os efeitos do decreto que elevou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), editado pelo governo Lula. A urgência permite que a proposta seja votada diretamente no plenário, sem passar pelas comissões temáticas da Casa. O mérito da proposta, no entanto, ainda não tem data para ser analisado. Foram 346 votos a favor da urgência e 97 votos contra. O requerimento foi apresentado pelo deputado Zucco (PL-RS), líder da oposição na Câmara e contou com o apoio de parlamentares do PP, União Brasil, Republicanos e PSD, partidos que comandam ministérios na Esplanada. O discurso oficial é o de que não existe clima no Congresso para dar aval ao aumento de impostos, mas os deputados estão descontentes com o ritmo de pagamento das emendas parlamentares e querem mandar um recado ao Executivo. Segundo um deputado da oposição, a ideia é deixar o governo “sangrar” com a urgência aprovada para continuar costurando um acordo em relação às emendas e ao pacote de medidas que propõe substituir a alta do IOF. A urgência foi votada mesmo após uma reunião de ministros do governo Lula com líderes e o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), no início desta tarde. Nos bastidores todos admitem que a nova decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, que cobrou explicações sobre a destinação das verbas de parte das emendas, foi o estopim para uma reação mais contundente. O ministro deu 10 dias para o Congresso explicar um orçamento “paralelo” de R$ 8,5 bilhões atrelado ao Palácio do Planalto. O despacho do ministro incomodou Motta (Republicanos-PB). Ele afirmou a líderes da base governista que os projetos de interesse do Palácio do Planalto não terão trânsito na Casa e sequer serão pautados por ele se o pagamento de emendas parlamentares for novamente paralisado. -No texto publicado na quarta (11), o governo recuou em parte do aumento feito em maio ao reduzir a alíquota fixa do IOF (incidente na contratação dos empréstimos), que havia subido no mês passado, de 0,95% para 0,38%. A alíquota diária, entretanto, foi mantida em 0,0082%. Antes, era de 0,0041% ao dia. -O governo também recuou em parte do aumento do tributo sobre o chamado “risco sacado”, operação em que um um banco antecipa o pagamento de uma fatura que é cobrada depois de seu cliente. Com o recuo desta semana, o governo deixou de cobrar a alíquota fixa (incidente na contratação do crédito) de 0,95%. Mas manteve a alíquota diária em 0,0082%. -Com o novo decreto, o IOF nos aportes em VGBL passa a incidir somente sobre o valor que exceder R$ 300 mil, considerados a partir da data de entrada em vigor do decreto, e em uma mesma seguradora. Assim, para 2025, fica flexibilizada a exigência de verificação global dos aportes em diferentes entidades, para evitar problemas operacionais nas entidades seguradoras. A partir de 1º de janeiro de 2026, o IOF nos aportes em VGBL passa a incidir sobre o valor que exceder R$ 600. Autor/Veículo: g1







