Mercado vê piora do cenário fiscal e dólar vai a R$ 5,40; Bolsa cai 1,4%

Mercado vê piora do cenário fiscal e dólar vai a R$ 5,40; Bolsa cai 1,4%

O dólar registrou ontem alta de 0,84% e atingiu a cotação de R$ 5,40 – ficando mais próximo do pico de R$ 5,45 de 4 de janeiro de 2023, no início do atual governo. Com isso, o ganho acumulado na semana chegou a 1,53% e no mês, a 2,96%. Já o Ibovespa, principal referência da Bolsa no País, recuou 1,40%, aos 119,9 mil pontos, no menor patamar desde 9 de novembro passado.

Segundo economistas, esses resultados refletiram novos ruídos sobre a condução da política monetária e a percepção de enfraquecimento do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, depois que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), devolveu medida provisória que limitava o uso de créditos do PIS/Cofins. A sinalização do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) de que só deve fazer um corte na taxa de juros neste ano também pesou nos negócios (mais informações na pág. B4).

“A devolução (da medida provisória) é uma derrota para o Haddad. E isso acaba resultando em desconfiança, em incerteza dos investidores com relação aos gastos públicos”, disse Christian Iarussi, sócio da The Hill Capital, se referindo também a um nível já próximo de R$ 40 bilhões de fluxo de retirada de recursos estrangeiros da Bolsa no ano. “Tivemos hoje um pico de estresse, com muita busca por hedge (proteção)”, completou o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo.

Ainda pela manhã, o dólar chegou a R$ 5,43, na esteira de discurso feito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em evento no Rio. Segundo Lula, “a coisa mais importante para o investidor é a estabilidade” e que, para ele, “o Brasil tem (isso) de sobra para oferecer”. A seguir, disse que o aumento da arrecadação e a queda da taxa de juros criarão um ambiente favorável para os investidores.

“Estamos arrumando a casa e colocando as contas públicas em ordem para assegurar o equilíbrio fiscal. O aumento da arrecadação e a queda da taxa de juros permitirão a redução do déficit sem comprometer a capacidade de investimento público”, disse Lula. No entendimento do mercado, a fala de Lula indicaria que o ajuste fiscal vai continuar dependente da aprovação de novas medidas arrecadatórias, em vez de ser resultado do corte de gastos. TEBET. A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, afirmou que o desafio para equilibrar as contas públicas “não é pequeno” e voltou a defender uma revisão de gastos do governo, mas ressaltou que essas decisões têm de “passar pelo crivo do presidente da República”. “Não estamos aqui para dourar a pílula”, disse ela, em audiência na Comissão Mista de Orçamento do Congresso.

Depois da audiência, ela disse a jornalistas que tem planos “A, B, C e D” para a revisão de gastos. No entanto, acrescentou que as medidas de aumento de arrecadação – que até agora têm estado no centro da política econômica de Lula – estão e esgotando. “O lado bom disso é que vamos ter de acelerar a esteira da revisão de gastos.”

Medidas como a desvinculação de benefícios previdenciários do salário mínimo – que estão na pauta do Ministério do Planejamento – têm sido criticadas por integrantes da ala política do governo. •

Autor/Veículo: O Estado de S.Paulo

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